Hoje, quando você precisa de areia lavada para sua obra, basta telefonar para um fornecedor e receber um (ou mais) caminhão basculante, cheio do produto, onde você determinar.
Mas nem sempre foi assim… No início dos anos 60, me recordo a forma como se obtinha areia do Rio Paraíba do Sul, em Tremembé SP. Dois ou mais trabalhadores embarcavam num grande barco de madeira chamado “batelão” que se movimentava através de propulsão manual, utilizando longos bambus para tal.
Ao chegar na locação escolhida (banco de areia submerso) os trabalhadores utilizavam conchas feitas de aço inox, vazadas, presas a bambus, as quais eram cravadas no fundo do leito do rio e puxadas manualmente para dentro do barco, trazendo pequenas porções de areia.
Este processo precário demandava muitas e muitas horas de trabalho (as vezes dias), para encher o tal batelão. Uma vez atingida a lotação de carga do batelão, este era conduzido às margens do rio e iniciava – se então a segunda parte da faina de retirada, lançando toda a areia do barco para cima do barranco, manualmente, com o uso de pás.
Os montes de areia ficavam na margem do rio a disposição dos clientes.
Um senhor chamado Felicinho, tinha uma carroça pequena, puxada por um burro e fornecia areia para as obras. Era comum vê-lo passar pela cidade, vagarosamente com sua carroça em direção ao Rio Paraiba, em busca da areia.
O senhor Felicinho já tinha idade um pouco avançada, mas carregava a sua carroça pessoalmente, com uma pá. A seguir a carroça subia lentamente o morro em direção a cidade, até o destino final, onde o senhor Felicinho descarregava o produto com uma enxada, no local determinado pelo cliente. A areia para obras de maior demanda, eram transportadas em caminhões, pelo mesmo processo, com o uso de pás.
Não havia areia em boa quantidade a disposição do comércio de materiais de construção…Isso só foi possível depois que surgiram as famosas “dragas mecanizadas” para extração do produto em grande quantidade.
Se não me falha a memória, a primeira draga foi implantada no Município pelo Sr. Takaoka.
Assim era a atividade extrativa de areia, nos anos 60 (e anteriores). Com a chegada das dragas e com o sistema de “extração por cavas”, houve um BOOM comercial deste produto, amplamente explorado, alimentando grandes obras na capital do estado.
Deixo aqui uma singela homenagem aos valorosos trabalhadores braçais desta atividade na época, tais como Nico Tipiti, Zebú, Felicinho, entre outras pessoas que fizeram e fazem parte da história do desenvolvimento de Tremembé.
Escrito por Luiz Henrique R. Amaral